O senador Fernando Collor
(PTB-AL) condenou em Plenário a retirada das acusações contra cinco jornalistas
e contra o procurador-geral da República, Roberto Gurgel, do relatório final da
CPI do Cachoeira. Nesta quarta-feira (28), o relator da CPI, deputado Odair
Cunha (PT-MG), apresentou nova versão do relatório, o qual modificou após
pressão de parlamentares da oposição e de governistas. No documento criticado
por Collor, não mais constam os pedidos de investigação da conduta de Gurgel em
relação à operação Vegas, da Polícia Federal, e de indiciamento de cinco
jornalistas, entre eles, Policarpo Júnior, da sucursal da revista Veja em
Brasília. A retirada dessas partes causou “estranhamento”, na opinião de
Collor. Na primeira versão apresentada, disse, Odair Cunha afirmava não
restarem dúvidas que Policarpo contribuiu com a organização criminosa de
Carlinhos Cachoeira. O senador fez questão de ler diversos trechos retirados
pelo relator. “Não restam dúvidas de que o jornalista Policarpo Junior aderiu à
organização criminosa de Carlos Cachoeira, colaborando intensamente para o
êxito e a continuidade de suas atividades e a impunidade de seus líderes”, leu
Collor. Outra parte retirada do relatório, disse o senador, é a que apresentava
afirmações do juiz da 11ª Vara da Justiça Federal em Goiás, Paulo Augusto
Moreira Lima, ao decretar a prisão de Cachoeira. No trecho lido pelo senador, o
juiz afirma que membros da imprensa serviam à organização de Cachoeira, por ela
sendo manipulados e utilizados. O juiz também afirma haver uso de jornalistas
“para a divulgação de conteúdo capaz de favorecer os interesses do crime”. Collor
leu ainda outro trecho da primeira versão do relatório, no qual o relator
afirma que Policarpo era “um braço midiático” da organização de Cachoeira e
rechaça a hipótese de que o bicheiro seria apenas uma fonte do jornalista. O
texto de Odair Cunha dizia que Cachoeira usava Policarpo em favor dos
interesses da quadrilha, reforçou Collor.
- Essas constatações são
secundárias, como justificou o relator para retirá-las do documento, apesar da
contundência e clareza de sua própria argumentação no relatório? A gravidade
desses fatos - vinculando setores da imprensa, mais particularmente a revista Veja,
sempre ela, e seus servidores com o crime organizado - é ou não é de interesse
da sociedade brasileira? – acusou o senador, que classificou a revista como
"um verdadeiro coito de bandidos".
Já sobre Roberto Gurgel,
continuou Collor, a primeira versão do relatório da CPI apontava “desvios de
responsabilidade constitucional, legal e funcional” e recomendava que o
Conselho Nacional do Ministério Público (CNMP) investigasse o procurador-geral.
Collor disse considerar
"inadmissível" que essas duas partes sejam retiradas do texto, por
serem de "interesse nacional" e por configurarem "fatos
relevantes" encontrados pela CPI. Ele disse que vai propor a reinserção
dessas acusações no relatório e o acréscimo de indícios contra outros procuradores
do Ministério Público e ainda outros jornalistas da Veja.
Agência Senado