Em discurso no plenário do Senado Federal na manhã desta sexta-feira (10/6), o senador Fernando Collor (PTB-AL) comemorou os 20 anos da assinatura do Acordo Brasil-Argentina para o uso exclusivamente pacífico da energia nuclear, no dia 18 de junho de 1991. Collor lembrou ainda que em dezembro do mesmo ano assinou um segundo tratado, o chamado Acordo Quatripartite entre o Brasil, a Argentina, a Agência Brasileiro-Argentina de Contabilidade e Controle de Materiais Nucleares, a ABACC, e a Agência Internacional de Energia Atômica, a AIEA. Ao relembrar os atos, Collor destacou a importância para o processo de afirmação internacional do Brasil, bem como para o desenvolvimento do clima de confiança que possibilitou a aproximação com a Argentina e a própria fundação do MERCOSUL. “Cabe colocar esses eventos em uma perspectiva histórica, ver seus antecedentes e o cenário internacional em que tiveram lugar, o que nos leva ao pós-guerra”, disse. O senador fez uma avaliação histórica do cenário internacional, onde Estados Unidos e a então União Soviética se digladiavam na dimensão ideológica, política, tecnológica e econômica. Collor ressaltou que, embora não tenha havido combate direto entre as duas superpotências, a chamada Guerra Fria mobilizava nas forças antagônicas uma luta pelo poder na qual os ganhos de um lado correspondiam, direta e simetricamente, a perdas do outro. “O equilíbrio de poder transformava-se em equilíbrio de terror”, afirmou. No plano regional, segundo lembrou Collor, persistia a rivalidade histórica entre o Brasil e a Argentina, os países mais extensos e as principais economias da América do Sul. Embora não houvesse confrontação ideológica, a rivalidade era enraizada e as duas nações se olhavam com inegável desconfiança. “O Brasil, por seus líderes políticos, seus diplomatas, seus empresários, percebia o perigo do isolamento no cenário que se delineava. Percebia, também, a necessidade de caminhar para a integração regional, ampliar mercados, facilitar a circulação dos fatores econômicos e assim multiplicar seu potencial. Nascia a ideia de criação de um mercado comum, o MERCOSUL, cujo instrumento fundador, o Tratado de Assunção, tive a oportunidade de firmar em 1991”, lembrou Collor durante o discurso. Por fim, o senador destacou a importância da assinatura dos dois tratados internacionais entre os dois países. Para ele, os atos representaram enormes ganhos em termos de transparência dos programas nucleares. “As antigas relações de disputas e desconfianças passaram a se pautar pela credibilidade e respeito comuns”, disse. Para Collor, com os acordos a ideia de bipolaridade regional era deixada de lado, ganhando a nova realidade de complementariedade econômica e cultural entre as duas nações.
Nenhum comentário:
Postar um comentário