A presidenta Dilma Rousseff afirmou ontem (12), em entrevista coletiva concedida após jantar oferecido pelo presidente da China, Hu Jintao, em Pequim, que o governo brasileiro está consciente e alerta em relação à questão cambial e que está “tomando as medidas necessárias para que isso não se transforme num problema maior do que já é”. A presidenta admitiu, ainda, que o Brasil opera com taxas de juros mais elevadas que as do resto do mundo, mas que, ao longo de seu governo, irá perseguir uma taxa de juros compatível com as taxas internacionais. “Eu não estou dizendo que vou derrubar os juros depois de amanhã; estou dizendo que num horizonte de quatro anos é possível sim, perfeitamente. Esse é o grande desafio que o Brasil vai ter que enfrentar pelo menos dessa vez”, frisou. A presidenta ressaltou, ainda, que manteve durante o encontro com o presidente Hu Jintao a mesma manifestação na questão de direitos humanos que manteve com os Estados Unidos, na ocasião da visita do presidente Barack Obama ao Brasil, e completou: “Todos os países têm problemas de direitos humanos. Nós sempre começamos a falar dos nossos – nós temos problemas de direitos humanos; todos os países têm. Nossa posição sobre direitos humanos nessa questão está expressa na nossa nota conjunta, assim como a posição em relação ao caso recente da nossa nota conjunta com os Estados Unidos”, disse. Na nota conjunta Brasil e China, mencionada pela presidenta e divulgada hoje mais cedo pelo Ministério das Relações Exteriores, os dois países se comprometeram a fortalecer consultas bilaterais em matéria de direitos humanos, promover o intercâmbio de experiências e boas práticas e avaliar a criação de um mecanismo de cooperação dedicado aos temas sociais.
Segundo o Itamaraty, Brasil e China decidiram intensificar a cooperação na área social, em especial sobre políticas e programas de combate à pobreza e, neste sentido, decidiram criar o grupo de trabalho sobre temas sociais e combate à pobreza. O GT será liderado, do lado brasileiro, pelo Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome e outros órgãos competentes, e, do lado chinês, pelo Gabinete de Políticas de Combate à Pobreza do Conselho de Estado.
Exportações
Durante a entrevista, a presidenta Dilma Rousseff elogiou a disposição do presidente chinês em abrir mais espaço para produtos brasileiros manufaturados e disse também que Hu Jintao tem “uma consciência muito clara da questão relativa à necessidade de o Brasil e a China passarem para uma nova etapa de relacionamento”. “O presidente Hu Jintao também se mostrou extremamente consciente da importância que tem, para a nossa parceria, [a inserção de] mecanismos mais amplos. Primeiro a questão do valor agregado, de a China abrir espaço para o Brasil no que se refere à valor agregado. E aí uma das coisas que nós temos que comemorar é o fato de que se definiu a ida ao Brasil de uma missão de compra – aquelas missões que você manda aos países para avaliar quais são as oportunidades de importação em setores manufatureiros – e fazer com que de fato o nosso relacionamento tenha maior densidade econômica”. Segundo a presidenta, a missão, liderada pelo ministro de comércio da China, Chen Deming, chegará ao Brasil em maio de 2011. A presidente Dilma anunciou também um projeto de investimento na área de tecnologia da informação no Brasil pela Foxconn de US$ 12 bilhões em seis anos. O investimento – firmado durante audiência com o presidente da Foxconn, Terry Gou -- seria para a instalação da produção de telas usadas em equipamentos como celulares de terceira geração e iPads. A Foxconn é o maior fornecedor de produtos da Apple na China. Dilma Rousseff destacou ainda temas como a pareceria sino-brasileira na geração de energia limpa, a presença, pela primeira vez, dos integrantes do BRICs (Brasil, Rússia, Índia e China) como membros não-permanentes no Conselho de Segurança das Nações Unidas e a expectativa para a reunião do bloco de países, que acontece na amanhã, em Sanya, China.
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